Fonte: TKD Livre
Não podemos referenciar o taekwondo brasileiro usando como parâmetro atletas como Márcio, Diogo, Natália e Leonardo Santos, pois são frutos de uma realidade dos tempos das vacas magras. São heróis forjados na mais pura luta contra todas as dificuldades inerentes a esta modalidade. Estes quatro atletas já viraram figuras carimbadas no cenário internacional. São muito respeitados, mas também muito estudados. Mesmo assim, sempre dão trabalho a qualquer atleta de outro país.
O problema todo está na falta de perspectiva de futuro para o taekwondo competitivo brasileiro, pois estamos com pelo menos 10 anos de atraso em relação às demais potências. Um atraso que credito a teimosia das gestões ao longo de todos estes anos.
A END (alterado) há 10 anos vem sofrendo com as derrotas de seus atletas e se vangloriando com as vitórias alcançadas por eles. Por quê? Porque acredita que a responsabilidade pela preparação física e técnica seja exclusivamente dela. E isso tudo começou com em 2002 com a primeira entrada dos recursos da Lei Piva: R$ 300 mil. E continua até hoje.
O pouco traquejo com gestão financeira e a falta de um projeto político desportivo fizeram o mestre Yong Min Kim acatar a ideia de Equipe Olímpica Permanente em moldes projetados pelo COB. Não sentaram com os dirigentes do Comitê Olímpico e a eles apresentaram um projeto realista para o desenvolvimento do taekwondo brasileiro. Daí por diante, em vista do dinheiro despejado na entidade, os dirigentes da época jogaram nas próprias costas a responsabilidade pela formação dos atletas. Tiraram esta responsabilidade dos treinadores originais de cada um deles. Fizeram pior: atrapalharam o trabalho que cada um executava. Lembro-me que, em 2003, a atleta Karina Couzemenco, do Rio de Janeiro, no auge da forma física, com todo o trabalho planejado com seu técnico, treinador e mais um ótimo grupo multidisciplinar, visando o Mundial daquele ano na Alemanha, foi obrigada a largar todo o trabalho para um confinamento com os demais atletas da Seleção Brasileira, na cidade de Caeté, interior de Minas Gerais. Local distante e sem nenhuma infraestrutura. O treinamento lesionou a atleta que meses depois resolveu largar o taekwondo competitivo para sempre.
Dai por diante a Confederação começou a deixar de ser uma entidade administrativa de representação da modalidade, para ser a gestora técnica de atletas, passando por cima de todos os outros treinadores por este Brasil afora. A Comissão Técnica se achou no direito de ensinar aos atletas o que eles já sabiam, desqualificando o trabalho individual que cada um já fazia, jogando no lixo o planejamento dos preparadores físicos de cada um deles.
Os técnicos escolhidos como os CARAS DA HORA nunca fizeram questão de mostrar aos gestores coreanos que os atletas da seleção deveriam ser treinados por seus próprios treinadores. Pelo contrário, acreditaram que resolveriam sozinho a PARADA somente porque havia dinheiro público investido.
Tais gestores não pararam para pensar no seguinte: quando o atleta vence lá fora, vence ele e o Brasil. A vitória da END (alterado) é indireta. Se o atleta perde lá fora, perde ele e o Brasil. A derrota da END (alterado) também é indireta. E no perde e ganha desses últimos 10 anos, se levarmos em conta o dinheiro despejado e o custo benefício, perdeu-se mais. E por quê? Porque estão trabalhando errado. E vão continuar perdendo se dessa forma continuarem.
Quando olhamos para César Cielo e Tiago Pereira, da natação, não enxergamos estes dois sendo treinados pela Confederação Brasileira de Natação, enxergamos os dois representando o Brasil. Todo o trabalho preparatório dos nadadores são realizados dentro dos clubes pelos próprios treinadores. E por que no taekwondo tem que ser diferente? Quais são os atletas da Seleção Brasileira de Futebol? Quem está treinando estes atletas neste momento?
A receita para se começar a competir no taekwondo em igualdade de condições é simples. Façam a coisa certa; não inventem moda. É só fazer um raciocínio lógico. Agora em Dezembro vão escolher os novos atletas que formarão a nova Seleção para o ano de 2012. Muitos destes jovens já vem se preparando com o próprio grupo multidisciplinar. Caso conquistem a vaga, vão ter que se submeter aos planejamentos de treinos da END (alterado), o que é algo totalmente desnecessário já que o calendário internacional está posto e todos os atletas considerados de alto nível já possuem a programação dos eventos internacionais mais importantes. Não pode a END (alterado) também obrigá-los a disputar todos os Opens porque a Petrobrás assim exige. Tem algo errado nesta história; os pontos não se encaixam. A Petrobrás não pode definir quais competições este ou aquele atleta deve participar. O atleta tem que obrigatoriamente estar nas competições oficiais de cuja presença a END (alterado) não pode prescindir. Aí, sim.
Mas a condição de se chegar próximo ao nível dos atletas dos demais países está na dissolução deste projeto de Seleção única para o ano inteiro. É preciso estabelecer um calendário nacional seletivo para as competições internacionais alvo. E quanto ao ranking criado, faça dele uma ferramenta não para escolher quem vai e quem fica, mas sim para tão-somente definir em que posição cada um deve estar nas chaves das competições nacionais. Ponto final.
No Sub 21 e no Juvenil estabeleçam competições abertas somente para estas categorias, em datas separadas (pois um jovem de 16 ou 17 anos é também um Sub 21), para que a entidade consiga enxergar os futuros atletas de ponta e poder neles investir. Entendam bem: INVESTIR, não confundir com treiná-los.
É tão simples, que causa espanto complicarem tanto.
Portanto, a END (alterado) precisa largar o osso errado e agarrar o osso certo, dentre eles estão alguns: o do fomento, estímulo aos treinadores e de seletivas independentes para competições internacionais já programadas, entre tantos outros OSSOS.
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