"Tem sido ventilada a opinião de que as Seleções Brasileiras dos anos 2000 estariam abaixo tecnicamente das que representaram o país na década de 1990. Entre tantos motivos para que se pense dessa forma, estão os pódios conquistados no século passado, proporcionalmente ao investimento dispensado a tais atletas, o que somados dá nenhum.
Quando se faz a comparação, apoiando-se nos recursos financeiros que recebem os atletas atuais, vê-se na real que o Taekwondo brasileiro de alto rendimento caiu e caiu muito, ou ficou para trás.
Se fizermos uma análise rápida, vamos verificar que as medalhas já apareciam na década de 1980. A primeira veio com Carlos Loddo, o Caroço, do DF. Naquela época. Ele foi bronze na primeira Copa do Mundo de Taekwondo, ocorrida nos EUA.
Nos anos 90 foram diversas, a começar pelo Bronze de Jorge Gonçalves, em 1991, em Zagreb, no Mundial ocorrido na antiga Iugoslávia. O atleta, também do DF, conquistava a primeira medalha do Brasil em Campeonatos Mundiais. Dois anos depois, no Mundial dos EUA, Milton Iwama e Alyson Yamaguti traziam o vice-campeonato mundial para o Brasil. Em 1995, foi a vez da santista Leonildes dos Santos colocar no peito a medalha de Prata, juntamente com o paranaense peso-pesado Lúcio Aurélio, que ficou com a de Bronze.
Em 1996, na Copa do Mundo, realizada no Brasil, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, Márcio Eugênio foi medalha de Prata e outros brasileiros ficaram com a de bronze, entre eles Ana Paula França, Lúcio Aurélio e Sérgio Alberto.
No ano seguinte, no Mundial do Egito, foi Carlos Costa quem ficou com a medalha de bronze. Houve ainda algumas outras medalhas conquistadas no final da década de 90, época em que surgiu aquela que salvaria o Taekwondo brasileiro. Seu nome: Natalia Falavigna. A menina de 16 anos, em 2000, ganhava o primeiro título mundial para o país. Foi na categoria juvenil. No ano seguinte, já na categoria Adulto, ela subia ao pódio novamente, lugar de onde não sairia mais.
Surge então a Lei Piva e a concepção de Equipe Olímpica Permanente e de blindagem de Seleção Brasileira a ser trabalhada para o ano inteiro. Nestes nove anos de investimento público, o Brasil foi ao pódio em Campeonatos Mundiais pouquíssimas vezes.
Em 2005, com o título inédito de Natália e o vice-campeonato mundial de Marcio Wenceslau, a gestão de Yong Min Kim respirou os ares da vitória. Escorou-se nos resultados de Natália, para poder dar fôlego ao modelo implementado até os dias de hoje, o qual tem demonstrado ser de um fracasso retumbante.
Quando olhamos para a seleção brasileira, começamos a enxergar alguns bons valores. Atletas que podem até chegar a algum lugar. Mas ainda nos apoiamos mesmo nos antigos. Os do século passado cuja excelência técnica não está mais resistindo às renovações de outras seleções.
A CBTKD tem que ter a coragem de fazer o que fez a federação mexicana. Colocou todo mundo para disputar a vaga para os Jogos pan-americanos, até mesmo os medalhistas de ouro Guillermo Perez e Maria Spinoza. Perez perdeu. Paciência, disse o presidente da entidade nacional, acrescentando que regras são regras e tem que ser cumpridas.
É assim que faz qualquer entidade desportiva nacional que pensa no melhor para o seu país. Aqui, pelas bandas tupiniquins, pensa-se na conveniência das acomodações e desperdiçam-se os talentos.
O resultado deste Campeonato Mundial deu a exata noção de onde está o Taekwondo brasileiro no cenário internacional. Não vamos nem enumerar os países que estão a nossa frente porque senão não teremos mais espaço para escrever.
É conforto, salários, viagens e privilégios sustentando uma comissão técnica ineficiente e questionável.
Ainda que mudem alguns nomes, o modelo equivocado continua o mesmo.
Quem não se lembra do fraco desempenho da nossa Seleção Juvenil no México? Não classificou uma única "alma" para os Jogos Olímpicos da Juventude.
Outro aspecto a ser ponderado reside no fato de os principais atletas brasileiros serem blindados e não compartilharem suas experiências com outros atletas do Brasil que sonham em também chegar à Seleção, o que é um dos maiores erros estratégicos das duas gestões que comandaram a Confederação e da atual.
O que temos ainda é a turbamulta se engalfinhando em diversas seletivas pelo país para conseguir a chance de lutar no final do ano com as estrelas.
Enquanto um coletivo enorme de jovens atletas se lançam para longas e dispendiosas viagens, gastando para lutar com gente de mesmo nível, a elite nacional faz intercâmbios internacionais sabendo que só no final do ano é que terá de lutar no Brasil, com a possibilidade ainda de nem lutar, caso tenha em mãos um atestado médico.
O resultado é o envelhecimento dos principais nomes de nosso taekwondo e o afastamento de atletas que só tem uma chance por ano para tentar a Seleção. A conseqüência? A cavalar distância dos concorrentes internacionais, os quais não medem esforços para se renovar.
Isto posto, neste cenário, não há como acharmos uma perspectiva animadora para 2016. Não adianta tapar o sol com peneira. Os gringos não param, pois medalha Olímpica para eles é coisa séria".
Fonte: TKD LIVRE
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