sábado, 13 de agosto de 2011

Casos de doping reacendem debate sobre o uso de suplementos


por Globo Esporte
Por Flávio Dilascio  
Rio de Janeiro
 
Primeiro foi o nadador Cesar Cielo, flagrado em um exame antidoping, em julho, o qual apontou o uso da substância proibida furosemida, um diurético capaz de mascarar substâncias dopantes. Semanas depois, foi a vez do jogador de vôlei de praia, Pedro Solberg, ser afastado provisoriamente das competições por conta do uso de androstane, substância que pode ser usada para ganhar massa muscular. Na última quarta-feira, foi a vez da judoca Taciana Lima ser reprovada no exame antidoping por conta da presença de furosemida em sua urina.
O que os três casos têm em comum? Todos os atletas negaram o uso das substâncias ilícitas, atribuindo a reprovação no exame a uma possível contaminação de algum de seus suplementos alimentares. Os episódios fazem a medicina esportiva e, principalmente, os atletas levantarem uma discussão que já vem se arrastando há alguns anos: existem regras e limites para o uso de suplementos?

O que os três casos têm em comum? Todos os atletas negaram o uso das substâncias ilícitas, atribuindo a reprovação no exame a uma possível contaminação de algum de seus suplementos alimentares. Os episódios fazem a medicina esportiva e, principalmente, os atletas levantarem uma discussão que já vem se arrastando há alguns anos: existem regras e limites para o uso de suplementos?

   

Há quem diga que o uso deve ser feito de forma controlada e somente por atletas com necessidade nutricional. Há também quem afirme que suplementos nada mais são que reforços na alimentação, podendo ser usados até por pessoas comuns. Por fim, há aqueles que são radicalmente contra, considerando tais produtos como substâncias da moda.
Treinador e marido da maratonista aquática Poliana Okimoto, Ricardo Cintra é categórico quanto à necessidade do uso de suplementos alimentares. Para ele, hoje em dia, o atleta de alto rendimento que não faz o uso deste tipo de produto está defasado em relação aos demais.
- Posso afirmar, com convicção, que não há atleta de elite que não faça o uso de algum tipo de suplemento alimentar. Não é possível ter uma recuperação adequada entre treinos e competições sem o uso dos produtos. Acontece é que tem de se usar suplementos adequados, de marca confiável, para não haver a contaminação. Farmácia de manipulação nem pensar - diz ele.
Poliana lembra que, para evitar o doping, além do rigoroso controle sobre os suplementos, é preciso também evitar remédios que contenham substâncias proibidas, mesmo que isso custe a recuperação de algum estado infeccioso.
- Outro dia tive sinusite e fui a uma farmácia procurar um remédio. Passei para a minha médica a composição do medicamento e ela viu que havia uma substância que poderia comprometer o meu exame antidoping. Acabou que não tomei nada e tive que me recuperar da sinusite sem a ajuda de remédios - revela a maratonista aquática, que faz o uso constante de quatro tipos de suplementos alimentares.
- Sem suplementar a alimentação não consigo chegar 100% aos treinos - completa.
Nutróloga especializada em alimentação de atletas, Maria Vargas, do Hospital Balbino (Rio de Janeiro), discorda quanto à necessidade do uso de suplementos. Para ela, todos os nutrientes necessários a um atleta podem ser encontrados na alimentação convencional.
- Há estudos que comprovam que não há muita diferença de desempenho entre pessoas que fazem atividades físicas utilizando suplementos e indivíduos que praticam exercícios apenas fazendo uma alimentação adequada. Muitas das vezes, o efeito do suplemento é psicológico. A pessoa apenas acha que está tendo melhora de desempenho por estar tomando algum produto - destaca a nutróloga, que lembra que muitos suplementos vêm com substâncias mascaradas, o que, ocasionalmente, fazem com que atletas sejam reprovados no exame antidoping.
- Há alguns suplementos que têm até anabolizante mascarado. Isso é uma tentativa de potencializar o produto. Se a pessoa quer fazer o uso de suplementos, deve procurar uma marca conhecida, prescrita por algum profissional de saúde, como médico, nutrólogo ou nutricionista.

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