sábado, 6 de agosto de 2011

Que Vergonha! Lei muda e deixa "exclusivos" do Pan sem Bolsa-Atleta por 8 meses

Ricardo Leyser - LAND. Foto: AFP

Por Portal Terra

Por Anderson Rodrigues

Passada a euforia dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, com o melhor desempenho da história do Brasil em número de medalhas (157 no total), o esporte brasileiro passou por mudanças este ano que implicaram negativamente na preparação de parte dos atletas que irão a Guadalajara, em outubro.
A lei do Programa Bolsa-Atleta foi alterada - com aumento dos valores do repasse e do número de contemplados - e, com isso, atletas não olímpicos estão oito meses sem receber o auxílio, exatamente na etapa de preparação e classificação rumo ao México.
Atletas de karatê, esqui aquático, squash, patinação e boliche treinam sem o benefício. O Programa de controle do Ministério do Esporte e coordenado pelo CNE (Conselho Nacional do Esporte) foi estendido em dezembro. Em maio, o CNE aprovou a criação de uma comissão para a regulamentação da lei nº 9.615, com mudanças na Lei Pelé - na qual está inserida o Bolsa-Atleta -, com o objetivo de organizar e melhorar o esporte de alto rendimento.
Em março foi publicada uma lista dos comtemplados prioritários: categorias Internacional e Nacional Paraolímpicos e Olímpicos (R$ 3.100 mensais). Valores referentes aos pedidos da Bolsa de 2010, com resultados obtidos em 2009. Já as modalidades pan-americanas tiveram de esperar a liberação e aprovação da extensão pelo Ministério do Planejamento.
Segundo o secretário do CNE, Ricardo Leyser, a verba de 15% dos antigos R$ 44 milhões foi aumentada para R$ 52 milhões e, para o ano que vem, será de R$ 80 milhões. Com a nova mudança, o número inicial de atletas aumentou de 3.008 para 3.469 (Olímpicos, Paraolímpicos, Não Olímpicos das modalidades pan-americanas e mais duas que estarão no programa dos Jogos de 2016 no Rio: rúgbi e golfe), além de outras fora das Olimpíadas e do Pan.
"Nossa prioridade, e a do Governo, conforme lei, sempre foi aos Olímpicos e Paraolímpicos. A mudança na lei foi para aumentarmos os recursos e o números de bolsistas, inclusive dos Não Olímpicos que fazem parte da grade só do Pan. Se houve um desequilíbrio ou incômodo foi visando uma melhora do Programa para o mais grosso das modalidades. Mas todo este trabalho visa uma preparação de médio a longo prazo para 2016", afirmou Leyser ao Terra.
Liberação
Em relação aos atletas que estarão no Pan e não receberam, os classificados como Internacional terão um aumento na Bolsa de R$ 1,5 mil para 1.850 mensais, enquanto os atletas Nacional de R$ 750 para R$ 925. Com exclusividade, o Terra teve acesso ao texto que será publicado no Portal do Ministério a ser divulgado nos próximos dias, assim que a lista com os nomes dos atletas for publicada no Diário Oficial da União.
Quando isto ocorrer, todos terão 30 dias para enviar o Termo de Adesão, com documentos comprovando o bom rendimento. Quem não tiver condições, poderá prorrogar o prazo por mais 30 dias. Já quem vinha recebendo o auxílio precisará prestar contas do ano anterior.
"É preciso de regras rígidas para destinar esta verba. Temos que determinar prioridades que estão na lei. Mas não tivemos nenhuma reclamação de qualquer confederação. Estamos abertos a todos, mas há prioridades", destacou Leyser sobre os atletas que esperam e reclamam pelo benefício.
Os atletas que não conseguirem preencher os requisitos estarão automaticamente fora do Programa. Com isso em mãos, o Ministério aprovará o pagamento das 12 parcelas, mas promete se esforçar para tentar encurtar o prazo. "Pode ser que o pagamento seja condensado", explicou o secretário.
No Rio, boliche (prata), esqui aquático (ouro), squash (bronze), patinação (artística, ouro e bronze) e karatê (dois ouros, duas pratas e três bronzes) conquistaram juntas 12 medalhas. No quadro geral, os Estados Unidos ficaram em primeiro (237 medalhas), Cuba em segundo (135) e o Brasil em terceiro (157). Para o secretário, o desempenho em Guadalajara é uma incógnita, já que dependerá de diversos fatores.
"O Ministério, assim como o COB, ajuda em pedidos de viagens e preparação para torneios. No Rio, por exemplo, das 157 medalhas do Brasil, as modalidades pan-americanas conquistaram 12. Se colocarmos no papel, houve uma reserva de 15% da verba para os pan-americanos. Isto significaria 24 medalhas, certo? Mas nunca houve qualquer cobrança ou impasse. Nosso objetivo é que estas modalidades cresçam. Elas dependem da grade olímpica (responsabilidade de escolha do COI). Sempre há mudanças e tentamos atender as prioridades", finalizou.

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