segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Judoca sem técnico é eliminada e chora abraçada à adversária, nas Olimpíadas Escolares

Manoela e Evelyn nas Olimpíadas Escolares (Foto: João Garschagen)

Por Globo Esporte
Por João Paulo GarschagenJoão Pessoa, Paraíba

O primeiro dia de competições das Olimpíadas Escolares, categoria 12 a 14 anos, disputadas em João Pessoa-PB, foi marcado por uma cena que comoveu público, atletas e integrantes de comissões técnicas presentes no ginásio poliesportivo da Unipê.

Durante a disputa da medalha de bronze do judô feminino, entre Manoela Barbosa, de Pernambuco, e Evelyn Lacerda, do Rio de Janeiro, os árbitros interromperam a luta ao serem alertados, pelo técnico carioca, da ausência do treinador da pernambucana ao lado do tatame, o que é uma obrigatoriedade na competição.



Manoela Olimpíadas Escolares, em João Pessoa, na Paraíba (Foto: João Garschagen)
Manoela demonstra tristeza ao ser eliminada pela ausência do técnico, na Paraíba
Naquele momento, dois dos três minutos da luta já haviam sido transcorridos e o placar seguia empatado. Manoela tinha a seu favor um shido (penalização sem pontuação) contra a adversária e dominava as ações. Seu técnico, Gilson Targino, havia saído do ginásio para almoçar. A luta ficou cerca de dez minutos paralisada e, por fim, sem que o treinador tivesse retornado, a competida pernambucana foi eliminada.

Com a decisão, Manoela foi aos prantos e, no centro do tatame, recebeu um longo abraço de Evelyn. Emocionadas, as duas permaneceram cerca de dois minutos chorando, lamentando a forma como a luta terminou.
- Dói porque represento o meu colégio, o meu estado, e perdi a medalha. Eu tinha chance de ganhar, já tinha vencido ela no Brasileiro, mas acabei perdendo. Me senti muito injustiçada. Vários colegas vieram me parabenizar e disseram que eu merecia ter vencido - lamentou Manoela, que no currículo possui a medalha de ouro do Pan-Americano de Judô de 2009 e do Brasileiro do mesmo ano.
 

Apesar da vitória, o sabor não foi dos melhores para a carioca Evelyn.

- Se fosse comigo seria ruim também. É difícil você estar lutando e perder por uma questão dessa. Por outro lado estou feliz, mas não foi do jeito que eu queria - admitiu a judoca de 14 anos.

Os técnicos envolvidos na confusão também deram suas versões sobre a polêmica que se instalou no ginásio.

- Houve congresso técnico e foi explicado que o atleta não lutaria sem técnico. Já que é uma Olimpíada Escolar temos que dar atenção aos jovens o tempo todo. Não podemos deixar isso passar batido. Está no regulamento e se fosse ao contrário iria acontecer a mesma coisa - defendeu-se Marcelo de Almeida Gomes, técnico do Rio de Janeiro.

Já o treinador pernambucano, mesmo admitindo que conhecia o regulamento, responsabilizou o Comitê Olímpico Brasileiro pela derrota da sua atleta.

- O regulamento fala que o atleta só luta com a presença do técnico, mas vários atletas lutaram sem o técnico ao lado. Eu estava no ginásio desde o início da competição e no momento em que me ausentei surgiu esse impasse com a minha atleta. O COB foi intransigente ao não autorizar o término da luta. Atletas pré-adolescentes estão sendo tratados como militares. A Manoela é uma das melhores do nosso estado, campeã brasileira - disse.

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