sábado, 24 de setembro de 2011

O Taekwondo,boxe Fisiculturismo e buskashi: o esporte 'sobrevive' no Afeganistão

Por Sportv Reporte


O Afeganistão é um país traumatizado por atentados e guerras, leis religiosas severas e códigos sociais puritanos. A população sobrevive com menos de dois dólares por dia, sofre com corrupção e ameaça sempre presente dos talibãs. Por lá, o esporte surge como uma forma de transformar a sociedade e reconstruir uma nação. São os casos do fisiculturismo e do buskashi, dois dos mais populares do país.
Enquanto dominavam a região, os talibãs proibiram tudo que poderia afastar as pessoas do islamismo. Esportes e jogos foram banidos. Desde que as tropas aliadas chegaram o país, a prática esportiva foi voltando ao normal. Mas bem aos pouquinhos.
Em Cabul, são seis milhões de habitantes e 200 academias de musculação, que cobram cerca de dez dólares por aluno para esculpir corpos. O fisiculturismo foi herdado das tropas soviéticas nos anos 80 e cresceu com a entrada das tropas americanas no combate aos talibãs em 2001. Hoje, é o principal do país.
Fisiculturismo no Afeganistão (Foto: Reprodução: SporTV)Jovens praticam fisiculturismo em academia
no Afeganistão (Foto: Reprodução: SporTV)
- Depois da guerra, queríamos praticar todo tipo de esporte. Porque agora é a hora de nos aprimorarmos, de melhorarmos a cabeça e o corpo, de sermos saudáveis e ficarmos em forma. O país precisa da gente. Vamos praticar todo tipo de esporte para defender o país contra nossos inimigos - disse Walid Ahmad, estudante de direito, praticante de fisiculturismo e dono de academia.
Apenas um esporte parece ter sobrevivido a todas as guerras e aos talibãs: o buskashi. No sul do país, a população não se opunha ao movimento islâmico, mas no norte, sim. Por isso, alguns comandantes das tropas do norte que se uniram ao talibã pediram para que o buskashi não fosse proibido. Assim, a população não se revoltaria.
A prática do buskashi dura apenas quatro meses no ano - depois, o calor forte demais para os cavalos. Cerca de 50 homens se enfrentam e usam o corpo de um novilho decapitado como seu objeto principal. Os cavaleiros têm que erguer os quase 60 quilos do animal morto e colocá-lo dentro de um círculo depois de dar duas voltas no campo.
Todo ano, o esporte provoca a morte de um cavaleiro e muitos outros ficam feridos. Todas as manobras são permitidas, inclusive o confronto corpo a corpo, chaves de braço e derrubadas.
Buskashi no Afeganistão (Foto: Reprodução)Jogadores de buskashi lutam pelo novilho no Afeganistão (Foto: Reprodução)
Tradição religiosa dificulta crescimento esportivo das mulheres
O estádio olímpico era usado para praticar a pena capital aos opositores do regime talibã. Muitas mulheres foram assassinadas ou apedrejadas lá. Hoje, o clima é outro. Algumas estão se conseguindo se emancipar através do esporte.
- Muito sangue correu neste estádio. Só sobraram aqui as almas dos mortos. Isso não me assusta muito. Mas dizem que, se viermos sozinhos, podemos ouvir vozes. Isso, sim, me dá arrepios - contou a pugilista Shabnan.
As dificuldades para Shabnan e outras lutadoras, no entanto, ainda são muitas. Os treinos são interrompidos quando o país sofre atentado, por lá há poucos equipamentos, e a resistência da sociedade ainda é grande. o esporte lá é considerado violento e é restrito aos homens. A escolha das boxeadoras é visto como um ato de rebeldia. Elas e a família recebem ameaças.
As mulheres podem estudar, trabalhar e praticar esportes, mas não podem ser treinadas por homens nem mostrar o corpo. Mesmo nas competições. Os homens não podem comparecer às competições femininas.
Buskashi no Afeganistão (Foto: Reprodução)Objetivo do buskashi é levar o corpo no novilho ao centro do círculo (Foto: Reprodução)
Até os fisiculturistas sofrem com as fortes regras do islamismo. Raspar os pelos, por exemplo, é uma regra do esporte. Mas o islã não permite. Assim como também é proibido ingerir hormônios e substâncias que têm efeitos secundários para o corpo humano. Muitas vezes eles se veem obrigados por optar entre esporte e religião.
Apesar de todos os problemas, os frutos da diminuição da violência no país já começam a brotar. Rohullah Nikpai virou herói nacional depois que ganhou a medalha de bronze na categoria até 58kg no Taekwondo, nas Olimpíadas de Pequin. Foi nada menos do que a primeira medalha do país na história dos Jogos. E se depender desse povo, acostumado a passar por muitas dificuldades, é a primeira de muitas ou

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